05 novembro, 2012

Pensamentos Rotineiros

     Pode parecer estranho, mas, aos sábados, invés de sair, tomar uma cerveja com amigos ou simplesmente para relaxar a cabeça e organizar meus pensamentos, resolvi organizar minhas idéias em casa. Enquanto todos saíram para dançar, para beber com os amigos ou jantar com o namorado ou a namorada, preferi ficar em casa refletindo sobre muita coisa que já fiz, sobre o que eu preciso fazer, sobre o que não preciso mais fazer, sobre o que eu tenho ou não que fazer, sobre o que fiz de errado para que minha vida não esteja tomando o rumo que eu esperava... Me perguntei a noite inteira: "o que preciso mudar em mim para que eu consiga recuperar todo o tempo que perdi fazendo coisas menos importantes?" A resposta está na própria pergunta; preciso fazer o que será importante para mim.
     Quando criança, nunca dava importância às coisas que me tiravam daquele "meu mundinho em que só existia uma pessoa: eu", não era de fazer amigos, sempre gostava de fazer meus desenhos aleatórios, meus pais não tinham dinheiro para comprar brinquedos bons e legais, brinquedos que muitos da minha classe no primário tinham e, como normal de toda criança, se achavam os melhores por isso, e por isso não queria mais os brinquedos deles, pelo simples motivo de não querer ficar como eles, exibindo algo tão, irrelevante. Então, já que eu não tinha brinquedos, passei a fazer os meus. Como eu fazia? Super fácil! Como eu sempre gostava de desenhar, passei a desenhar várias silhuetas de bonequinhos, pintava-os e no fim, recortava-os e brincava sozinho com meus "brinquedos" e era feliz com todos eles (podem acreditar).
     Com esses meus "brinquedos", eu inventava um contexto, nomeava-os e dava uma história de vida para cada um, e as vezes eu até confundia essas minhas histórias com a própria realidade de tão real que era, mas, eu nunca gostava que meus pais ou meu irmão viesse me perguntar o que eu estava fazendo, eu sabia que eles iriam rir de mim, então, até fazia a fala dos "personagens" bem baixinho para que eles não achassem que eu estava ficando louco (acho que sempre fui um pouco). Nunca tive amigos na infância, e nem tinha vontade de ter. Minha diversão na escola era simplesmente observar as pessoas, seus movimentos, seus modos de se expressar, suas expressões faciais e reações ao ouvir cada tipo de coisa (com relação à observação, sou assim até hoje, só que isso não interfere mais em meu jeito de ser, como antes).
     Pode parecer fora de contexto eu falar sobre essa época da minha vida, mas não é. Antigamente (até meus 12 anos, aproximadamente) eu era pouco acessível à coisas, pelas quais, não via importância, à partir disso, não sei como, e nem o que aconteceu, eu simplesmente comecei a me socializar mais com as pessoas, passei a me relacionar, a conversar mais (sempre fui extremamente tímido na infância), e também, a me decepcionar mais, igual acontece com qualquer pessoa normal.
     O tempo ia passando e eu sentia um desinteresse total em estudar (antes disso, sempre gostava de estudar) e passei a dar mais importância à minha vida social, para mim, era mágico e novo ao mesmo tempo tudo aquilo; eu não sabia até então como era bom conversar com as pessoas e vê-las vindo até mim para conversar. Foi tudo tão repentino e desastroso ao mesmo tempo...
     Repeti de ano por excesso de faltas pela primeira vez, comecei a trabalhar em uma lanchonete onde só trabalhavam amigos, passei a conhecer pessoas, aliás, muitas pessoas. Estava começando a largar minhas manias estranhas da infância e me tornando um pré-adolescente normal (aparentemente).
     Minhas notas pioravam, acabei dando mais importância à baderna, à esbórnia e às pessoas que achava que fossem meus amigos do que às coisas que iriam realmente me fazer crescer, tais como: lições de vida de meus pais, estudos, ou puxões de orelha.
     Então, cheguei à maioridade achando que as coisas melhorariam, doce ilusão... Acabei esquecendo que as coisas só melhoram para quem vai atrás e não se abala, eu não queria saber de nada (eu não me interessava por muita coisa), isso me levou ao stress, ao cigarro, ao vício em cafeína e às crises de ansiedade e, arrisco até, começo de uma depressão. Foi um baque muito grande para mim, as coisas desmoronaram muito rapidamente; perdi meu emprego, fiquei com contas a pagar, a situação em casa ficava cada dia pior... Eu precisava me acalmar com algo, já usei muitas coisas com o objetivo de me acalmar, e novamente, não foi bom para mim. Em meio a tanto revés, aconteceu uma coisa boa neste tempo: "voltei a dar importância às coisas realmente importantes".
     Hoje, voltei a gostar de estudar, voltei a me sentir instigado pelo conhecimento, larguei o cigarro, larguei o café, larguei o que vi que me segurava e não me deixava evoluir, deixei falsas amizades para trás, me afastei de quase todas as pessoas que eu me socializava (que me desagregava muito). Agora me pergunto; isso foi bom? Foi. Foi necessário, e não me arrependo. Afinal, os que sempre foram meus amigos de verdade estão comigo até agora, com essa minha mudança radical.
     Tudo isso que escrevi acima faz parte de meus pensamentos até hoje, e lembro de tudo com orgulho, não de ter feito muita coisa errada, mas sim, de ter deixado tudo isso para trás e me renovar como ser humano.
     Acordei hoje às 8:45 da manhã com muita vontade e convicção, tomei um banho gelado de aproximadamente oito minutos, vesti uma roupa mais formal e fui para o centro de Jacareí procurar emprego, e hoje eu me sentia bem mais convicto do que nos dias anteriores quando passei a "mudar para melhor". Arrumar um emprego é, realmente, muito difícil, principalmente porque a visão do que quer o emprego é completamente diferente do que quer empregar. Normalmente, achamos que os donos de lojas, supermercados, galerias ou fábricas querem nos dar uma oportunidade de trabalhar, mas não é bem assim... Enquanto nós pensamos, se fossemos o empregador, que iríamos ajudar quem estiver precisando de um emprego, o empregador na maioria das vezes, só quer saber de um funcionário que se encaixe nas exigências dele para que o negócio seja mais produtivo e, contudo, lucrativo.
     Não digo que o empregador está certo ou errado, muito menos o que quer ser empregado, isso é uma questão de visão, e infelizmente em nosso país, na maioria das vezes, temos que atender às exigências deles se queremos ganhar dinheiro para investir em nosso futuro. Eu venho planejando minha vida desde alguns meses atrás, e, sei que até eu conseguir atingir meus objetivos, terei muitos problemas, stress, dores de cabeça, desgaste físico, e muito mais. Mas, não merece o melhor quem quer tudo de mão beijada, certo? Pois então, vou sofrer, vou quebrar a cara muitas vezes, mas, desistir? Jamais! Estarei dia após dia na luta, matando um leão por dia, em busca do que quero, em busca do que desejo, em busca do que realmente me fará ser um homem por completo!

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