15 maio, 2014

Às vezes falo sozinho
Pois sou minha eterna companhia
Sigo meu próprio caminho
Sem limites, tampouco tirania
Sapatos velhos e camisa remendada
Nem sempre ando em linha reta
Abro minha cerveja gelada
Seguindo a trilha que acho correta
De vez em quando me perco
Mas quem é que não se perde?
Uma vida sem cerco
Sem parede e telhado
Sem sofá e sem chão
Minha vida é voando para longe
E não acredito que seja em vão
Com a calma de um monge
E a vontade de toda uma multidão
Em mover montanhas
Eu sigo só, sorrindo e somando
Momentos, contratempos e tormentos
Da vida até a morte
Do real ao surreal
E a melhor resposta
Para quem me acha infeliz
É que eles olhem para os céus
Escutem os pássaros
E sinta a essência do mundo...

14 maio, 2014

Surreal

Seja de meu ser
Lave-se de minhas lágrimas
Veja ao meu ver
Escreva em minhas páginas
Pinte com meu pincel
Contorne com minha caneta
Me acompanhe neste carrossel
Guarde teu ego em minha gaveta
Beba em minha caneca
Coma minhas torradas
Leia em minha biblioteca
Olhe o campo pela janela
Tire da frente as cortinas empoeiradas
Vamos ter uma criança sapeca
Pois a vida é como o amor
Passa rápido
E é doce como amora...

Estacionamentos

Eu não sou estranho
Coloque meus óculos quebrados
Não me pergunte quanto eu ganho
Ou se tomo remédios controlados
Apenas veja por estas sujas lentes
O mundo diferente que vejo
Não acredito em estrelas cadentes
Mas acredito na vida e no desejo
Me acham louco por achar
Que a normalidade é o local
Mais impróprio para estacionar
Mas vejo tantos estacionamentos
Lotados de quem não se importa
E que viverão lá, aos lamentos
São coisas que a gente sempre nota
Se ser louco é não se conformar
Em viver uma vida estacionado
Então clamo, sem hesitar
Sou um louco desenfreado!
Mas o mais banal
É me achar louco sem antes
Enxergar o mundo com meus óculos
Quebrados e de lentes sujas...
Bem vindo à minha vida! Quer um café?
Pois sente-se, sem estacionar!

10 maio, 2014

Pintura

Ela é o tipo de mulher
Que minha fértil imaginação
Nunca havia imaginado
Que meu coração
Jamais havia amado
Teu sorriso branco
Ilumina grandes e escuras vielas
E tua pele morena
Me faz mudar meus conceitos
Sobre o que são mulheres belas
Amante da vida
E dos belos rabiscos dela
Não é de curar tua ferida
Vendo a vida passar pela janela
Teu rosto é arte
Pois teu corpo é uma pintura
Tua vida é cores
E de um olhar de candura
E tua vontade é de aventura
Aventuras longas como a vida
A arte sem censura
A certeza de quem duvida
Ela me ganhou
Como a brisa é ganha pelo vento
Mas ainda não me amou
Como a arte ama o tempo
O tempo não é minha arte favorita
Mas espero sonhando acordado
Em um dia tê-la aqui comigo
A arte mais bonita...

09 maio, 2014

Fim

O fim é a porta
De uma casa escura
Que se abre e traz a luz lá de fora
Para todo fim
Há um recomeço à sua altura
Não se preocupe
Pois somente haverá um recomeço
Se antes o fim chegar

O fim é a seca
Mas também é chuva
Que lava a alma daqueles
Que acharam que o fim
Nunca teria fim
O fim é decepção
Mas também é emoção
De quem fez jus a cada gota
De suor e de sofrimento

O fim é a miséria
E também a glória
É a fome da criança negra
Que comove quem não se importa
E o lindo sorriso da mesma
Que faz brilhar a esperança
De um povo que não pode usar
Sua própria herança

O fim é o caixão
E também o cordão
A escuridão que desliga uma vida
E a luz que traz ao mundo
Aquele que já tem com a sociedade
Uma grande dívida
O fim tem seus defeitos
Mas tem qualidades também
Aqueles lindos olhos podem se fechar
Mas em meu coração
Vai além de uma simples lembrança
Muito além...


O fim é triste
E também motivador
Não tem mais alpiste
Mas o meu pássaro continua voador
O fim sempre chega
Mas com ele um novo começo
Sempre há um novo começo
O qual não imaginamos
Mas ele existe

O fim é a dor
De um amor não correspondido
Mas também é o amor
Por aquela que você torce
Para que um dia ela esteja contigo
O fim é noite sem estrelas
Mas também é brilho do amanhecer
É uma vida sem eiras nem beiras
E também o fim de expediente
Voltando para casa ao entardecer

O fim é um rapaz algemado
Mas também é liberdade!
O fim é não ser amado
Mas também é ser amado!
O fim é meu passado
Mas também é você...

07 maio, 2014

Chuva

     Gosto de dias nublados e frios, também gosto de dias de chuva. Esses climas têm lá seus truques para mudar as coisas. São nos dias nublados e frios que eu gosto de usar minha blusa velha de pelo e minha boina, e pela janela de meu minúsculo prédio com aquela bagunça que é a minha cara, olhar o movimento nas ruas, os carros e gente bem vestida passando. É como se eu fosse o tempo e o resto dependesse da intensidade de meus sentimentos para "acontecer". E os dias de chuva são ótimos para, por exemplo, deixar a janela de meu velho apartamento, comprar algumas rosas na pequena floricultura lá embaixo, esquecer da ideia de que sou o tempo vendo tudo acontecer e correr e pular pelas ruas, lavando a alma naquela chuva maravilhosa que cai do céu, jogando todas as rosas para o alto e sendo feliz à minha maneira, na esperança de que a mais bonita das rosas acabe por cair em minhas mãos. Ando tendo uma vontade enorme de acontecer!