28 agosto, 2014

Celebração do Ciclo Inevitável

O tempo passando
Memórias se apagando
Lembranças surgindo
Vidas se multiplicando
Os queridos sendo lembrados
Os esquecidos apenas vagando
O presente trazendo vidas
O passado levando um bando

A dor de não poder sentir 
O abraço daquele ente querido
Que deixara um laço
Dor equivalente a perder um braço
aquele que não compartilha mais
De nosso mesmo espaço

Vamos celebrar
Nosso ciclo inevitável
Daquele revolucionário
Até o ser mais odiável
Lembre do momento mais agradável
e também do triste fim daquele
Que veio ao mundo tão amável
Ninguém vive sempre em paz neste mundo
Que vai do incrível ao imundo

Para os vivos a desolação
Para os mortos a satisfação
Mas são perseguidos pela imensa ingratidão
De todos aqueles que apoiam a violência
E carecem de compaixão

Nos túmulos de cada criança violentada
Eu coloco uma flor
Lembraremos de cada jovem
Com sede, fome e sufocado de calor
Já sentiu no estômago e no olhar
O infortúnio da dor
Ou da criança indefesa que é jogada no lixo
Pela falta de amor

Somos observados em qualquer lugar
Nunca subestime a força de um olhar
Que pode vir da maravilhosa brisa do mar
Até a noite estrelada e um belo luar

Os mortos não sofrem mais da falta de alimento
Lembranças infinitas ofuscadas pela escuridão
Em um cerco de cimento
Os queridos que estão vivos
Dentro de cada elemento
Aos esquecidos que vagam
Eternamente junto ao vento
A morte alcança desde o ente querido
Até o pobre trabalhador em canaviais
A maldade alheia desrespeitando a vida
E burlando leis estaduais

Lembre-se de cada herói de guerra
Torturado e morto na antiga Berlim
Segurança e qualidade
Ilusões enfim, simples assim
Consciência e bravura não estão apenas
Naquele que prega em latim
Temos um mundo a zelar pelos que virão
E por aqueles que já chegaram ao fim...

As Ruas

Trancar o portão, fugir de casa, reflexão
Cães abandonados, judiação
Policia e bandido em ação
Comícios de longa duração
Fé, violência, contradição
O falso amigo apertou a minha mão
Portas se fecham e pessoas dizem não
Mídia, correria, legislação
Jovens, curtição, doce atração
Dias de glória, dias de cão.

Vida Rural

O galo cantando, acordar
Inspiração, trabalhar
Café quente a preparar
Queijo branco, meus filhos, me banhar
Água do poço
Cumprimentar o moço
Ganhar a vida, lavar o rosto
Plantar, colher, brotar a semente
Uma estrela cadente
Planos, vida, trabalhar a mente
Ter o cultivo para seguir em frente



Poema enumerado inspirado em "Prazeres" de Bertolt Brecht.

23 agosto, 2014

Normal

Após um tempo o galo cantou
O amanhecer parece sempre feliz
O tempo sempre comandou
Ele me faz de aprendiz
 
Lavei o rosto de antemão
Rejeitei a ideia de café
Enquanto vi gente na televisão
Matando pela fé

Ao pegar o jornal que me deixaram
Mesmas notícias debaixo da porta
Ao ligar o rádio, falaram:
Mais uma pessoa morta

Lavei alface e piquei tomate
E na primeira garfada, sangue
Pensei em um tenso combate
Pois poucos são bons para um debate

Sábado normal e suas mesmices matinais
Trivial, às vezes tão doce quanto o sal
Assim como a vida, de começos, meios e finais
Ou um homem, tão bom quanto mau

Fui à praça caminhar
Um vento no rosto é aquele tapa sutil
Que precisamos para acordar
E amar a rara vida de maio a abril

Triste daqueles que tiram dos outros
O vento, o tempo e a voz
E proliferam dores e choros
E levam muitos de nós

Na praça não tem televisão
Porque tem sol e carrinho de pipoca
Harmonia entre visitante, anfitrião
Paulista, capixaba, carioca...
 
Percebi que sorrir sem motivo
É o maior motivo para sorrir
Ao chegar em casa, um grande alívio
Pois é sempre bom ter certeza
Que neste mundo não só habita
Quem tem o mau como destreza.

22 agosto, 2014

Constante

Sou guiado pelo vento
Acompanhado pela história
Respirando o momento
Vivendo de agora em agora
As praças me alimentam
Quando cheias de sorrisos
Enquanto certezas atormentam
Os homens indecisos
Me tranquilizo com o amor
Dos que amam de graça
Pois quando deixa criar bolor
Até amor vira desgraça
Aprendizado é meu valor
E meu sonho, uma cachaça
Me mantém com fervor
E faz tudo ter mais graça

12 agosto, 2014

Universo

O amor é o universo
Onde sintonizo-me com ele
E me transformo em infinito
Ou em um simples verso
Todo o mal e seu inverso
O inverso sou eu!

O amor é um valor
Simbólico e imenso
O mais forte calor
Intenso, muito intenso!
Mas tão refrescante
Quanto um banho de sabor
De um beijo apaixonante
O sabor sou eu!

O amor é profundo
Como um casal de mãos dadas na praça
E nem o mais rico do mundo
É capaz de comprar um amor de graça!
O amor é José, é Maria, Raimundo
É um cão, um leão, uma garça
O amor sou eu!


O amor é um filme de cinema
Onde não há assentos
Telão ou telefonema
É composto de simples momentos
Uma vista para o céu, um poema
Onde o céu reproduz em filme
Meus devaneios, meu sistema
Onde o ator principal, o enredo
O diretor e o tema
Sou eu!
O infinito sou eu!
Crie seu longa ou curta metragem
E seja o infinito você também.