03 dezembro, 2014

Passageiro

     "Busco um espaço vazio e fico, achei o maior mundo de todos: o meu. Onde minha única regra é não regrar minha intensidade com cada centímetro de espaço verde e azul que enxergo e contemplo. É tudo meu e eu sou disso tudo! De vez em quando aparece alguém sem ser chamado, mas que acaba me fazendo desfocar-me de mim mesmo. Até sinto-me triste quando percebo que uma pessoa ou outra só está de curta passagem, promete trazer frutas e acaba levando um pedacinho do que é meu. Mas quando percebo vejo que, a cada visita, mais eu tenho! E depois? Tudo volta ao status normal, onde neste mundo de solidão boa de nome "eu", nada mais tem do que meu simples infinito."

Miragem

Vejo-lhe até mim vindo
Mas ao mesmo tempo indo
Esqueci o caminho de casa
A areia está uma brasa
Mas teu olhar é fresco
Um pouco de outono em verão
Uma paixão nova
Invadindo minha frieza antiga
A vida prega peças
Peças que se encaixam
Só não tenha medo
De aproximar-se de mim
Não siga o enredo
Somos apenas dois
Neste imenso deserto
O que sinto é esperto
Ganha seus gestos
Você se aproxima
E tal como uma miragem
Se distancia novamente.

Sinto-me muito cansado
Você corre muito
Neste tempo endiabrado!
Às vezes vem, às vezes vai
Não sabe o que faz!
Mas quase sabe o que quer
Me deixa tonto
É como estar num labirinto
Onde o caminho ideal
É o que me leva aos teus braços
Corpo suado e cabeça dura
Quero fortificar nossos laços
Então, por favor, me espere!
Teu beijo é uma garrafa d'água
Neste deserto de vista imensa
Só não se importe
Se minha sede estiver intensa.