09 dezembro, 2016

Dilema

Assim como o vento que me guia
Você veio como a noite vem pro dia
Levei um grande choque de sintonia
Da pele morena que agora me inspira
A imaginar todas as noites e dias
Enquanto ouço batidas e rimas
Como será ouvir de perto suas gírias
E presenciar suas graças manias
Deitado na grama de um parque qualquer
Quero muito saber o que você quer
Beijar sua testa e depois onde puder
Doce de menina em corpo de mulher
Tu tens a voz mais gostosa que amora
Faria o cafuné que você adora
Todos os dias de preferência agora
Até que você peça que eu pare por ora
Chegou e me pegou desprevenido
Libertando meu espírito inibido
E elevando o nível da minha libido
Tornou-me um ser de sentimento despido
Nosso cupido favorito é a lua
Que sabe da verdade nua e crua
Qual a resposta se eu gritar pra toda rua
Que estou completamente na sua?

Apogeu

Teu sorriso espancou-me a alma
Com um aroma que em mim ardeu
Teu semblante me trouxe a calma
De um por do sol no Mar Egeu
Tua boca me salvou da desalma
E meu desejo foi ao apogeu
Tentei resistir por um trauma
Mas quando o nosso olhar bateu...

14 novembro, 2016

Sol

Sol que faz descer
As lágrimas de calor
Que fazem efervescer
Um coração com rancor
Que tendia a adoecer
E perder sua cor
Mas ao adormecer
Percebeu seu valor
Sol que faz crescer
Sol que dá amor.

Tempestade

Chuva que cai enquanto a alma sobe
Vida se vai de um corpo que sofre
Do desgaste do abandono e do porre
De uma vida que todo dia se morre
A realidade é como sangue que escorre
Dos olhos de um senhor de olhar nobre
Que é pisado por ter o bolso pobre
Mas morto e jogado ele descobre
Que a calçada não é mais seu alfobre
Enquanto sua esperança morta escorre
Pelas ruas da cidade onde tudo ocorre.

01 novembro, 2016

Lua

A lua soube que estou na sua
Toda a rua enxergou minh'alma nua
E meus olhos que sua imagem cultua
Perceberam onde se situa
Onde seu desejo mais atua
Mas se der errado? Vida que continua.

21 agosto, 2016

Paralelo

Vivo aqui dentro
O que não tenho fora
Não há lamento
Como o de agora
Não há tormento
Que em mim extrapola
Mas há o vento
Que não me ignora
E o imenso céu azul
Cobrindo o pé de amora

Ônibus

Estou de passagem
Porém sem passagem
Me deixe embarcar
Senhor cobrador
Não queira amargar
Uma alma já com dor
Pois a boa imagem
Não tem preço nem cor

05 maio, 2016

Quinta-Feira

Para o alimento
Farinha e água
Para o sustento
Vazio e mágoa
Mais um tormento
Que não deságua
E no momento
Minh'alma é frágua.

30 abril, 2016

Serafim

Faz cinco graus e o corpo treme
Boca calada e a alma que geme
Sinto pressa e o tempo não corre
Rua que abriga um sonho nobre
Recebo o vazio ao estender a mão
Todos se negam a me cobrir
Com um pouco de atenção
Mas não hesitam em congelar
A fé de quem jamais diria não
Mas um dia a vida dirá sim
Pois o meu vulgo é Serafim
E este não será meu fim.

27 abril, 2016

Póstumo

A vida é uma passagem
Uma linda canção
A morte é uma bobagem
Que o homem teme são

Do choro de um neném
Ao fim em solidão
Vidas que vão e vêm
No fim não há razão

O fim é só o começo
A viagem pequena
Até o fim desde o berço
Faça valer a pena.

20 abril, 2016

Luz

Uma flor ao que está certo
Sem espinhos ao errado
Amor a quem desafia
Não menos ao desafiado
Ao homem de sangue forte
Que jamais será calado
E à mulher que é valente
O esboço mais amado
Dedico-lhes as palavras
De um errante atortoado
E aquele grande sorriso
Em meio ao caos declarado.

19 abril, 2016

Versão Verso

Pesadelo é aquele quando acordados
Nos sentimos de olhos fechados
O grito de quem está parcialmente mudo
Não atraiu sequer um verso agudo

É como quem conclui uma bela jogada
Porém sem abrir o placar da rodada
Dessa vez a bola explodiu na trave
Na falta do gol vai de consolo um verso grave

Por que não posso errar de vez em quando?
Mal parece que em minha própria vida mando!
Para uma sociedade sem escrúpulos
Dou-lhes apenas este verso esdrúxulo


Vidas escritas em curtas tiras de papel
Em versos satíricos ou líricos cheios de fel
Guiados pelo tempo que sempre vive
E levados pelo vento e um verso livre.

17 janeiro, 2016

Quimera

Libertem os pássaros
Acolham nossos cães
E aos filhos bárbaros
Não agridam suas mães

Quebrem os cadeados
Voem para bem longe
Feito homens alados
Tenham em si um monge

Abram as duras portas
Chorem só de alegria
Refaçam linhas tortas
Façam rir quem não ria

Andem na Promenade
Ajudem os idosos
Pratiquem irmandade
Os gestos mais vistosos

Abracem o planeta
Beijem suas queridas
Vejam a borboleta
Beleza em poucos dias

Façam o que eu não fiz
Arrependam-se pouco
A meta é ser feliz
Nessa Terra de loucos