27 fevereiro, 2017

Cinza

Ouço o barulho do trem
Enquanto o café esfria
Vejo pegadas de outrem
Mas passo sozinho o dia
Penso na chuva e ela vem
Pra me livrar da agonia
Dias cinzas choram também
O incolor que me agracia

O rústico do que sou
Aflorando pelos cantos
Dos cômodos onde vou
Grita em silêncio e aos prantos
Onde a esperança esmiuçou
E para evitar espantos
Fecho a janela e me vou

13 fevereiro, 2017

Eu

Noite que de mim se esquivas
Por admirá-la sem acanho
Lua que mantém em mim vivas
Lembranças boas que apanho
Minh'alma viaja entre as vias
De um cabelo escuro e castanho
Aposto eu que nem sabias
Em vossas lágrimas de antanho
O quão bem fazem as utopias
D'eu pensar em você sem tamanho.

11 fevereiro, 2017

Retórica

Ao sair cansado estou
Tampouco seguro sou
Ninguém me procurou
Ou disse "contigo vou"
Nada disso me abalou
Pois quem se acostumou
Ao que o outro se tornou
Pode dizer que bastou
O trajeto que registrou
A sós com o que sobrou
E ao chegar o que restou
Além da sopa que azedou?