26 janeiro, 2014

Batom

E o batom da boca dela se dividia entre seu rosto e meu corpo. Sua boca deslizava em mim como um cubo de gelo desliza sobre a pia. Mais ardente que fogo. Este mesmo fogo que se repete sempre pelas esquinas dos becos da vida. Com uma garrafa de Uísque escocês que me derruba e me levanta por essa caminhada rumo ao banalmente perfeito, e minha velha boina úmida pela fraca garoa de praxe, eu sigo por aí escrevendo página por página deste livro prazeroso e vazio, mudando os personagens, sendo mudado e, me mudando deste mundo cheio de opiniões fúteis e vazio de autocrítica. A cada marca do batom, uma história única. A cada tombo, uma oportunidade. A cada inicio do amanhecer, um conto novo, onde acabamos não lembrando de muita coisa e precisamos estar sempre repetindo para que fiquemos satisfeitos.

24 janeiro, 2014

"O interesse no outro pode se perder não só pela bipolaridade de quem se interessa, mas pela oscilação de "eu" que a outra pode ter."

21 janeiro, 2014

Lápis

Tem quem pense que a vida devia ser como escrever com lápis; apagar o errado e escrever o certo, mas para quem tem a mão pesada ficaria tão difícil apagar. Também tão feio imaginar aquela mistura de arrependimento, insegurança e medo de escrever por cima do borrão e tudo ficar ainda mais feio. A vida é assim.

15 janeiro, 2014

Ter

Tenho planos
De um dia
Não precisar
Planejar tudo
Para algo dar certo

Tenho sonhos
Com o dia
Em que jamais
Vou parar de sonhar
Sonhar novamente com tudo
Quando tudo der certo

Tenho pensamentos
No dia em que
Precisei de um abraço
Ou de tudo
Ser compreendido para algo dar certo?
Nem sempre...

Pobre Dele!

Pobre do pobre
Que só pensa em riqueza
Que mal tem créditos
Para um chá da tarde a dois

Pobre do pobre
Que de tão pobre
Valoriza o preço
E deixa o valor do amor
Para depois...

07 janeiro, 2014

Ponto de Ônibus

Vidas vão passando, o mundo vai girando
É de suas próprias vidas que todos eles estão cuidando
O único lugar em que vejo a vida passar a não fico para trás
Penso todos os dias sobre coisas boas e más

Pessoas estranhas fazem parte do meu dia-a-dia
A vida se locomovendo de formas diferentes
Ainda vejo objeção neste mundo cheio de hipocrisia
Corpos fortes tentam ofuscar a desgraça de governos decadentes

São muitas as semelhanças

Entre a vida e um ponto de ônibus
Desvendando a diferença crucial para seguir em frente
Entre ver a rotina e a vida passando
É tempo de refletir e reorganizar a mente

Nossas vidas partem daquele frio e pequeno lugar
O país corrupto e seus mitos infinitos estão ofuscados
Pela beleza invisível da vontade de se libertar
E independer de quaisquer porcos aristocratas associados

A infância não dura para sempre como palavras de um livro de literatura
Cada um responde às exigências da vida de um jeito, à sua altura
Um simples assento e um pouco de paciência
Lhe fará pensar como você vive

Em um mundo com tanta decadência

São muitas as semelhanças

Entre a vida e um ponto de ônibus
Coisas diferentes em tempos diferentes
tudo de mais estranho e diferente será normal
O que no dia-a-dia passa despercebido

Se torna crucial

Pensamos em tanta bobagem

Enquanto as melhores coisas são as mais simples
Coisas mais simples em lugares tão invisíveis para nós
O simbólico se torna o mundo quando percebido
Um lugar onde o pensamento

Fala mais alto que a voz

Sigo em frente vendo o mundo passando rapidamente
É tempo de refletir e reorganizar a mente
Aguardando pelo meu pouco tempo de lucidez
Sabendo que em instantes

Será a minha vez...