26 janeiro, 2014

Batom

E o batom da boca dela se dividia entre seu rosto e meu corpo. Sua boca deslizava em mim como um cubo de gelo desliza sobre a pia. Mais ardente que fogo. Este mesmo fogo que se repete sempre pelas esquinas dos becos da vida. Com uma garrafa de Uísque escocês que me derruba e me levanta por essa caminhada rumo ao banalmente perfeito, e minha velha boina úmida pela fraca garoa de praxe, eu sigo por aí escrevendo página por página deste livro prazeroso e vazio, mudando os personagens, sendo mudado e, me mudando deste mundo cheio de opiniões fúteis e vazio de autocrítica. A cada marca do batom, uma história única. A cada tombo, uma oportunidade. A cada inicio do amanhecer, um conto novo, onde acabamos não lembrando de muita coisa e precisamos estar sempre repetindo para que fiquemos satisfeitos.

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