Passagem

Deem graças à ressurreição de Cristo!
Ou ao extermínio dos primogênitos egípcios
Das entranhas de uma lebre
O que trazes para nós?
O futuro registro
Do previsto imprevisto

Mefistópheles seduz o homem
Vidas de pequeno preço
As palavras sagradas que nos consomem
Almas que vão se queimar
Mefistópheles seduziu também
Neste eterno holocausto
Que os "santos" pecadores digam amém!
Os reis se igualaram a Fausto!

Passagem esta
da morte para a vida
Hebreus fizeram festa
Enquanto vejo hoje
Vidas sem alma por toda a avenida
O que seria esta passagem então?

É possível ver dez pragas em cada rua
Dentro de minha casa e também da tua
Oh! Se telas fossem como os livros!
Oh! Se livros fossem como os segredos!
Oh! Se segredos fossem como as telas!
Tão mais fácil seria
Se eu não soubesse que eles sabem muito...

Partilhamos o chocolate, festejando
Enquanto negamos partir o pão
Nos lamentando
Oh! se todos soubessem de tudo...
Pois a cada dia que se passa
Percebo que quem deveria falar
Está mudo
Quem deveria nos ajudar
Está mudo
Mas o falso cordeiro
Não está mudo
E os pobres homens?
Oh! Pobres homens...

Passeio

A cada dia que nasce
A cada dia que a luz do sol
Chega à Terra
Inicio meu passeio
Entre sonho e guerra
Em meu devaneio
Eu era um barco que navegava
E que em meio à
Grande tempestade
Que me aferrava
Eu insistia com vontade
Lá não mais estava
E seguia em frente...

Passeio nem tão bom
Porém necessário
Preciso aprimorar meu dom
Dom este que
Não veio de berçário
Ou talvez sim...
Prefiro acreditar que não
Prefiro assim
Ninguém quer viver em vão
Preciso do melhor de mim
Sou mais um simples aldeão
Nesta tribo de nome "homem".

Amém!

Uns criam alarde
Outros perdem a cabeça cedo ou tarde
Porém, o forte não fala, é além
Deus, proteja os fortes e ilumine os fracos
Amém!

Oh, Se um Banho Morno...

Oh, se um banho morno
Resolvesse meus problemas...
Já que não resolve
Então resolvo eu
Já estive em épocas mais amenas
A luz apagada do meu quarto
Era meu único breu
Mesmo que numa infância bem vazia
Hoje num mundo muito menos meu
Onde a fantasia não mais me alivia
Preciso fazer daquilo que um dia me doeu
A minha dádiva para a vitória
Honrar o que minha mãe já viveu
E escrever em folhas limpas minha história
Oh, se um banho morno
Resolvesse meus problemas...
Será que teria alguma graça?
Pois a capacidade é como os teoremas
Não pode ser evidente
Se não há demonstração
E se eu não provar a mim mesmo
Que sou capaz
Terei a lamentação
Serei eu um eterno capataz...

Felicidade

Sempre achei que
Tentar ser feliz é banal
Penso isso desde
Quando percebi
Que o presente sim é crucial
Estar feliz hoje
É a base essencial
Para estar feliz amanhã

Penso assim, pois
Estando feliz agora
É o perfeito começo
Para depois
Continuar feliz sem preço
Um dia, um mês, ou talvez dois
Esteja feliz neste momento
Você merece, eu mereço
Sopre a mágoa ao relento
Sinta a brisa do vento
E deixe ela trazer
Teu maior sustento
Que é sorrir até o anoitecer
Pra tudo o melhor argumento

Encontro na simplicidade
A complexidade da felicidade
Todos os dias
No amor, na amizade
Faço parte desta comunidade
Que além de toda a crueldade
Deste mundo de maldade
A felicidade, que é raridade
É minha prioridade
De cidade em cidade
Que não se aprende na faculdade
Se aprende em toda a vida
Independente da idade
Me tornei em pessoa
A grande felicidade...