23 agosto, 2014

Normal

Após um tempo o galo cantou
O amanhecer parece sempre feliz
O tempo sempre comandou
Ele me faz de aprendiz
 
Lavei o rosto de antemão
Rejeitei a ideia de café
Enquanto vi gente na televisão
Matando pela fé

Ao pegar o jornal que me deixaram
Mesmas notícias debaixo da porta
Ao ligar o rádio, falaram:
Mais uma pessoa morta

Lavei alface e piquei tomate
E na primeira garfada, sangue
Pensei em um tenso combate
Pois poucos são bons para um debate

Sábado normal e suas mesmices matinais
Trivial, às vezes tão doce quanto o sal
Assim como a vida, de começos, meios e finais
Ou um homem, tão bom quanto mau

Fui à praça caminhar
Um vento no rosto é aquele tapa sutil
Que precisamos para acordar
E amar a rara vida de maio a abril

Triste daqueles que tiram dos outros
O vento, o tempo e a voz
E proliferam dores e choros
E levam muitos de nós

Na praça não tem televisão
Porque tem sol e carrinho de pipoca
Harmonia entre visitante, anfitrião
Paulista, capixaba, carioca...
 
Percebi que sorrir sem motivo
É o maior motivo para sorrir
Ao chegar em casa, um grande alívio
Pois é sempre bom ter certeza
Que neste mundo não só habita
Quem tem o mau como destreza.

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