23 novembro, 2012

O Centro do Deserto

Homem branco no deserto
A fadiga não o impede
De tentar chegar mais perto
Tua ambição fede
Ele quer chegar mais perto
Mais perto do centro do deserto

No centro do deserto ele quer chegar

Para ali reinar
Todo o horizonte vazio
E do vazio brotar
A flor negra e teu par
O deserto a se habitar

Um oásis avistou

Uma bela mulher apareceu
O homem branco se apaixonou
E então padeceu

Ela se aproximou

"O amor compensa a dor" ela falou
O homem então se revoltou
Lembrou o motivo de estar lá
A ignorou e continuou

O homem branco não quer mais parar

Ele não sabe o que está a lhe aguardar
Uns são escolhidos e outros não
O homem não quer mais amar
Ele quer continuar
Sozinho ele vai continuar

Homem exausto, ele está chegando

Atreveu-se a rir, cansado
O centro do deserto está logo ali
Ele chegou ao lugar desejado

A bela mulher o seguiu

Sem cansaço aparente
"O amor compensa a dor" ela repetiu
O reinado do homem parecia evidente
Aparentemente assentiu
O rei na verdade
Queria um pouco de prazer
Usou de tua astúcia
E se entregou à beleza daquela mulher

O homem acordou

Para um lado e para o outro olhou
Nenhuma mulher avistou
Apenas um baú
Ao teu lado no centro do deserto
Logo mais perto chegou
Baú coberto de ouro
O homem branco então o abriu
E dentro do baú
Um grande besouro ele viu
Sobrevoando em um disforme fundo
Maravilhado, o homem entrou

Ao entrar se surpreendeu

Nada mais ele via além do besouro
Besouro cor de ouro
Que passou a andar pelo teu corpo
Paralisando o homem branco aos poucos
Ele gritava desesperado
O fim de um rei se deu por concretizado

O sarcófago se fecha para nunca mais abrir

Tomou a forma de um baú novamente
Surgira alí a flor negra do centro do deserto
E chega bem perto
A flor que seria o par
Clama eternamente com rancor
"O amor compensa a dor, o amor compensa a dor..."

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