26 maio, 2013

Vida Vil

Moro em sua vida
Na porta de seu trabalho
Vivo em todos os lugares
Vivo a rotina
De não ter rotina
Vida vil, pobre perfil
Vejo grandes prédios
Enquanto me encontro
Neste eterno covil
Gente apressada nas ruas
Pus-me a observar
Engravatados, maltrapilhos
Às vezes concluo
Que vivo num imenso enxame
Indivíduos cansados
De todos os lugares
Concentrados aqui
Em busca do melhor
Mas não é sempre assim...
Oh! Não é...

Moro em sua TV

Mas não engano mais ninguém
Larguei disso...
Moro em sua consciência
Não que eu seja um peso
Influencio positivamente
Mesmo você não sabendo disso
Em tua luta interior
Para não assentir
Em ser mais um demente
Desta grande pequena sociedade
Mas vocês não me ouvem...
Moro também nos becos
Perigo! Perigo!
Onde está o perigo,
Que não estou vendo?
Deve ser o perigo
Das ações destes
Que (não) interferem
Em minha vida vil
Pobres homens estes
Que precisam tanto de dinheiro
Eu preciso de mais
Muito mais...

O chão de minha casa

Está lotado de panfletos
Não sei ler muito bem
Mas pelo que vejo
É comida boa!
Meu calor se vai
Enquanto a garôa vem
Garôa? Já é chuva!
Ela cai, ela cai...
Gotas gélidas
Minha casa não tem telhado
Me esquento com a brasa
De meus sentimentos
Se for depender dessa gente
Para me aquecer
Oh! Pobre de mim...
Venha, totó! Venha comigo!

Vida vil, pobre perfil

A cidade é minha casa
Não pago imposto
Por ser mais um corpo ambulante
Neste grande covil
Que divido com outros milhares
Gente de mesmo perfil
Onde também sou obrigado
A ver donos de grandes telhados
Pisando em meu chão
Sujando por onde passam
E indo embora
Sem pagarem a diária
Ou o minuto, ou o segundo
Que por aqui estiveram
E ainda tem quem se atreva
E me expulsar
De meu cantinho
Bando de ingratos!
Não enxergam nem
Os donos deste imenso covil
Não agradecem
A casa não é deles!
Como assim?!
Estou aqui! Estamos aqui!

Não preciso de dinheiro

Preciso de mais...
Quem precisa de dinheiro
São esses corpos sem sentimento
Que vejo vagando
E lutando contra o próximo
Em busca dele
Pobres homens estes
Que precisam apenas do dinheiro
Me sinto mais rico
Que muitos dos que
Por aqui passam
Preciso de mais
De muito mais...
Me chamam de mendigo
Grande equívoco!
Mendigos são estes
Que vejo indo e vindo
De almas tão pobres
Que não valem um pão duro
Que por obrigação
Me jogam às vezes
Eu poderia jogar
Minha compaixão
De esmola à eles
Mas, não...
Estes pobres não merecem...
Não, eles não merecem...

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