23 maio, 2013

Meu Templo

     Guardião de meu templo, das cinzas ao fogo, cicatriz imensa em minha raiz... É, tudo tem seu tempo e aconchego. No calabouço do patriotismo onde vivo, tão injusto quanto os senhores de engenho que por aí suas sombras - ainda - circulam. Se minha vida tem dono, será que o dono sou eu? Será que compensa cada gota de suor? É bom ter resguardo, sempre bom. Vida esta, um diário apócrifo escrito por todos que por ela passam, enquanto escrevo minhas páginas com um lápis de ponta quebrada e sem borracha, vejo outras escritas com caneta tinteiro, bela caligrafia, parece que quem aqui escreveu jamais se preocupou com erros, afinal, erros estes não mais irão atrapalhá-lo por não estar mais neste mundo, apenas tirou o espaço dos que querem renovar esta eterna estória à lápis - sem borracha. Grandes eram os que clamavam pela liberdade que tenho hoje, mesmo que parcial. Branco, preto, mameluco, cafuso. Mente humana esta que me deixa confuso. Cada dia mais. Cada minuto mais. Minha casa é meu templo, onde sou livre para pensar e para ser quem sou de verdade. De oitiva, aprendendo com o sangue e com os gritos dos outros. Em meu templo não sou escravo de ninguém, enquanto lá fora estão matando e dizendo Amém. Vistas aquilinas da janela de meu templo. Realmente, não tenho tempo a perder... Guardião de meu templo, onde mando eu. A vida não tem dono, se teve ou ainda tem, não era para ter. A vida não tem dono, mas o guerreiro de meu templo sou eu. Neste templo, mando eu.

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