26 agosto, 2018

Abismo

Felicidade, talvez, seja esse negócio que as pessoas têm quando estão eufóricas. A euforia nunca foi com a minha cara. Ela chega mostrando a que veio e, logo em seguida, me leva todo o ânimo além de algumas cervejas. Felicidade deve ser o que sinto quando finalmente estou distante em no mínimo um quilômetro de qualquer voz. Aprendi a não me surpreender com o dom alheio de soltar minha mão quando estou para cair, mas também sinto-me culpado por ter jogado-me mesmo quando um ou outro tentou me impedir de sucumbir em mim mesmo e estar em queda livre neste abismo. O básico já me é difícil faz tempo e prefiro não entrar em detalhes. Falhei ao tentar conhecer a senhora felicidade e todos os seus sentidos e pontos de vista existentes. Há tanto tempo estou em queda neste abismo que a cada minuto que se passa, mais fico convicto de que ele é minha única morada sincera. O breu em que encontro-me é mais fiel a mim do que qualquer outra alma viva, e foi muito difícil aceitar que o vácuo me preenche mais do que os que dizem ser sinceros e cheios de particularidades admiráveis. Talvez o fim seja este, um divisor de águas, uma fronteira que separa-me do desconhecido. Pessoas me trazem vazio e ainda levam o pouco que tenho. Mas, afinal, o que realmente ainda tenho? A felicidade pode ser o fim para quem já não quer mais nada.

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