03 abril, 2015

Dezessete

Mamãe, venha aqui no fundo!
Estou ferido e não foi por espada
Eu nunca tive um bom escudo
Chorava tanto pelas suas palmadas!
Mas não por faltar aos estudos
Aqui, sem poder chorar, bofetadas
Mãos enormes num rosto miúdo
A vida se torna uma grande cilada
Quando os maus conquistam o mundo
Completei dezessete descendo escadas
Pensando em nada e em tudo
Um banho de sol, um conto de fadas
Gritando até quando encontrava-me mudo
Achei que morreria de forma antecipada
Aprendi certo e errado neste submundo
Me tornei certo de uma forma errada
Mamãe, perdoe-me por deixar-lhe magoada!
Não me chame também de vagabundo
Quando crescer, lembrarei de suas chineladas
Quando eu nos tirar do poço, lá no fundo
Você me faz uma pessoa amada
Não chores mais pelo meu passado imundo
A vida é presente, farei minhas malas
Me leve à lanchonete do seu Raimundo
Obrigado pela segunda chance a mim dada!
Só você mesmo neste mundo...
Fui obrigado a crescer rápido demais
Me tornei um homem de dezessete
E nunca mais pegarei num trinta e oito
Mesmo nunca tendo usado, cabeça limpa!
Eu poderia agora estar morto
Mas ainda bem que tenho minha mãe...

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