A flauta é tocada em cifras de devaneio
E as costas descansam do fardo pesado
Poesia esta que me salva do anseio
E das mazelas que tornam-me abespinhado
O que era para sempre foi-se com o vento
Enquanto apanho feio do desconhecido
Hoje os calos cobrem-me de doce acalento
Enquanto a flauta cura um pobre adoecido
Fragmentos do que já foi um regozijo
Rasgam a pele como farpas de madeira
De quem um dia revelou seu esconderijo
E agora recorre novamente à esgueira
Apenas na companhia da doce flauta
E do vento que não hesita em levar tudo
A vida e suas sucessivas trocas de pauta
Sopro de pesar na flauta de um homem mudo
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