13 julho, 2013

A Cigarra

Ando por aí pensando
Em como seria minha vida
Se eu tivesse uma proteção natural
Um mecanismo que me ajudasse
A acostumar-me rapidamente
Com as perdas da vida
Ou a adaptar-me
A todo tipo de ambiente
Sem desventura
E sem balbuciar sobre o chão
Que estou pisando

Caminhando pela praça
Desta cidadezinha bem localizada
Enxergo algo ali no chão
O que era uma cigarra
Agora é só uma carcaça
Abandonada, feito folhas
Que caem das árvores
Deve ser a ecdise
Oh! Eles realizam a ecdise...
Ou algo mais simples que isso
Tal como a morte
O qual também realizamos

Enquanto o homem
Debaixo da terra, descansa em paz
A cigarra, na mesma terra, vive
Seus primeiros passos, lá ela tudo faz
Enquanto o homem sofre
Pelos quatro cantos do mundo
Gritando, enquanto outros fingem
Não ouvir um só sussurro
A cigarra cantarola
Apenas para tua fêmea
Mas todos a ouve
É mágica, como um coelho
Sendo tirado da cartola

Muitos vivem noventa anos
Sem sequer um suspiro de felicidade
Enquanto estes curiosos insetos
Quinze, dezesseis, dezessete anos
Será que são felizes
Apesar de esquisitos?
Sem muita força, tampouco ágeis
Pequenos e de pouca vida
Mas não avaliam grandeza pelo dinheiro
Tampouco por religião
Não brigam por comida
Há seivas para todos
Não machucam o próximo
O canto é para todos ouvirem
É! Acho que ser uma cigarra
Não deve ser tão ruim...

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