28 fevereiro, 2013

Estranhos

Antes do sol raiar
Eis-me aqui em pé
Insisto em bocejar
Durante o caminho
Rumo à Sé
Manhã fria na capital
Gente estranha indo
Gente mais estranha vindo
Onde estou afinal?
Todos os dias me pergunto
Porquê és tão sensacional?
Talvez seja apenas
Falta de assunto

Conto moedas e pego o ônibus

A moça lá fora
Teve a bolsa furtada
O garoto negro da esquina levou o ônus
Passageiros caem na gargalhada
Não assenti, foquei nos pensamentos
Ao meu lado uma senhora ajoelhada
Um apelo, nenhum sucesso
Senhora ela que
Poderia ser minha avó
Ninguém pode ajudar
Somente sentir dó

Pego o metrô, o frio acabou

O calor humano me fez sentir
Estar num forno, me pirou
Ei, seu mal educado!
Não sei mais quem me empurrou
Não sei quem se importou
Minha vida continua
O velho casaco não mais me convém
Mas aquele senhor precisa
Poderia ser meu pai, ou além
Mas não é, ele tem uma camisa
Jovens entram no vagão
Se encaram a esmo
Briga de egos ou atração
Ser observado
Sempre achei péssimo

Uma cerveja me abre a mente

Ao sair da estação o frio voltou
Pessoas vazias perambulando pela frente
Talvez vazias por serem desconhecidas
Nunca me provarão o contrário
Conclusões que podem ser desmentidas
Quem sabe num jogo de baralho?
Eu não me importo...
De nada adiantou o atalho
Chegarei depois do meu horário
Vinte ou trinta minutos
Quem se importa
Com pobres trabalhadores e teus ruídos?

Trabalhar e faturar

Alguns trocados e trocos
Erguer mais um prédio
Nesta cidade de loucos
Que me empregou
Sem o completo ensino médio
Sujeito que nem quinta série tem
Um estranho entre milhões
Também não me conheço tão bem...

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