Meu quarto está cheio de poeira
É onde sempre penso melhor
O que procuro está por baixo da sujeira
A qual acostumei-me sem poder
A garrafa térmica virou-se sobre a mesa
A cozinha bagunçada e a lâmpada fraca
Anjos e demônios de sobremesa
A qual como na ponta da faca
Eles parecem sons contínuos de tambor
Sucedidos por um refrão árduo e pesado
O céu rapidamente muda de cor
Enquanto mergulho no mar violento do passado
O chuveiro quebrou e não tem água quente
O banheiro é sujo mas o quarto é mais
Ora dentro de mim, ora em minha frente
Não ando sabendo o que é real, mas tanto faz
Anjos e demônios que vivem dentro e fora
Dançam juntos no salão imaginário
Nem sempre é tudo doce como amora
Mas eles se divertem e isso é hilário
Às vezes o tambor dá lugar ao piano
E uma guerra de egos se concretiza
É onde um dia demora um ano
Que meu interior se estabiliza
Demônios para toda a vida
Que justificam feridas em mim
Anjos para toda lembrança vivida
Que a cada minuto, hora ou dia
Fazem menos parte de mim.
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